"O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de dominarem a si mesmos."
Albert Schweitzer



domingo, 12 de junho de 2011

-Lineu Andrade de Almeida, Assessor da Diretoria de Tecnologia para Assuntos de Novos Negócios da Sabesp, formado em Engenharia Civil pela USP fala um pouco sobre o profissional dessa área que é responsável pela manutenção da saúde pública e, consequentemente, pela promoção da qualidade ambiental.

Consequências da falta de saneamento básico

Além dos danos causados ao meio ambiente, o despejo de esgoto doméstico sem tratamento é um grande risco a saúde pública. As principais doenças causadas pela falta de saneamento básico são: cólera, diarreia, amebíase e esquistossomose. Devido a uma ineficaz ação das políticas públicas, tais doenças são mais comuns em regiões de baixa renda, onde o saneamento básico é relegado a segundo plano. No Brasil, as regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas por tais enfermidades. De acordo com a Unicef, a diarreia mata quase 1.5 milhão de crianças por ano. As consequências das doenças ainda são agravadas pela falta de informação. Para saber mais sobre a cólera, diarreia, amebíase e esquistossomose, visite os links abaixo:




Realidade brasileira

As cidades do Brasil não têm planejamento


O processo de crescimento e expansão das cidades brasileiras tem ocorrido sem um planejamento adequado, o que provoca conseqüências drásticas no meio ambiente urbano dos municípios, dentre elas, uma das piores conseqüências, a falta de saneamento básico. 

Apenas na segunda metade do século 20, a população urbana passou de 19 milhões para 138 milhões
De acordo com o IBGE, a análise dos dados revela a precariedade das condições ambientais das cidades brasileiras.

Esgotamento sanitário

Dentre os serviços de saneamento básico, o esgotamento sanitário é o que tem menor presença nos municípios brasileiros. Dos 5.507 municípios, apenas 52,2% eram servidos, em 2000, por algum tipo de esgotamento sanitário. 

A Tabela 1, colocada abaixo, mostra a situação da coleta de esgoto, por região do Brasil. No Sudeste, a região do país com a maior proporção de municípios com esgoto coletado e tratado, somente um terço deles apresenta uma condição adequada de esgotamento sanitário. 
Quando o esgoto é despejado em sua forma natural nos corpos de água ou no solo, há comprometimento da qualidade da água utilizada para abastecimento, irrigação e recreação. 

Do total de distritos que não tratam o esgoto sanitário coletado, conforme podemos observar no Gráfico 2, a grande maioria (84,6%) despeja o esgoto nos rios, sendo os distritos das regiões Norte e Sudeste os que mais utilizam desta prática (93,8% e 92,3%, respectivamente):

Coleta de lixo e destinação final

O maior problema do lixo não está na coleta (99,4% dos municípios brasileiros têm coleta de lixo), mas, sim, na sua destinação final.  De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000,a destinação final do lixo coletado no país é da seguinte forma: 47,1% em aterros sanitários, 22,3% em aterros controlados e apenas 30,5% em lixões, ou seja, mais de 69% de todo o lixo coletado no Brasil estaria tendo um destino final adequado, em aterros sanitários e/ou controlados.  Mas, em número de municípios, o resultado não é tão favorável, como exposto no gráfico 3. O lixão constitui grave problema ambiental, porque, além do perigo de contaminar as águas superficiais e subterrâneas, pode acarretar doenças à população.

Lixo hospitalar

Em 2000, da quantidade total de municípios que coletavam o lixo séptico de unidades de saúde (3.466 unidades), 2.569 municípios despejavam esse lixo nos mesmos aterros dos resíduos comuns, enquanto que 539 utilizavam locais de tratamento ou aterros de segurança. 
A grande maioria dos municípios, em 2000, queimava os resíduos sólidos de serviços de saúde a céu aberto, ao passo que apenas uma pequena quantidade utilizava algum sistema de tratamento térmico dos resíduos, como incinerador, microondas, autoclave ou forno. 

Solução está distante

De acordo com uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o atual nível de investimento em obras de saneamento, o Brasil só conhecerá a universalização do acesso ao esgoto tratado quando o país comemorar 300 anos de independência, em 2122. 
Atualmente, apenas 0,22% do Produto Interno Bruto (PIB) é aplicado no saneamento básico, sendo que o ideal seria 0,63% do PIB. 

Reutilização do lodo do esgoto

No Brasil um dos projetos mais importantes desenvolveu-se com o CONAMA (Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos do Conselho Nacional do Meio Ambiente), que com outras parcerias em conjunto, estabelece que o lodo deve ser reaproveitado na agricultura, contudo com responsabilidade e organização de pequenos grupos, para separação de atividades e meios de novos vínculos com regiões próximas e agricultores interessados, sempre motivando os mesmo a se preocupar com o meio ambiente. 
Então, após decreto de leis em que vigoram a obrigação do tratamento de esgotos pela prefeitura de cada município surge, então, outro problema: para onde levar todo o lodo acumulado no processo? Uma saída simples e boa seria o reaproveitamento desse lodo, rico em nutrientes orgânicos, utilizando-o na agricultura em favorecimento do solo. 
Apoiando-se na sustentabilidade, os lodos de esgoto são usados nas mais diversas plantações no Brasil como na de: cana-de-açúcar, café, milho e eucalipto. Ainda que seja pouco conhecida, essa ação é um forma econômica importante. Seria bom destacar que essa subtância orgânica também ajuda no combate de doenças de plantas, um impacto melhor ainda.


Projetos no Mundo

Nos EUA o projeto mais conhecido foi criado pela United States Environmental Protection Agency (USEP), que inserido em legislações federais utiliza o reaproveitamento do lodo de maneira prática, ecológica, sustentável e acima de tudo legalizado, movendo também vários outros projetos que melhoram a qualidade de vida. 

O Plano identifica cinco objetivos estratégicos para orientar o trabalho:
Meta 1: Tomar medidas sobre alterações climáticas e melhorar a qualidade do ar
Meta 2: Proteção de Águas da América
Meta 3: Limpar comunidades e promover o desenvolvimento sustentável
Meta 4: Garantir a segurança dos produtos químicos e prevenção da poluição
Meta 5: Aplicação de leis ambientais

Você sabia que...


Para diminuir as impurezas presentes no esgoto, o trabalho envolve ao menos cinco etapas até que a água possa ser devolvida ao ambiente? A ideia é começar barrando a sujeira visível a olho nu - de geladeiras a fios de cabelo -, depois eliminar grãos de terra, partículas em suspensão e por fim atacar as impurezas solúveis na água.  

1 - A primeira etapa do tratamento é barrar o lixo sólido que vem junto com o esgoto. Para reter o material pesado, duas linhas de grades (a primeira com 10 centímetros de espaço entre as barras e a segunda com 2 centímetros) impedem a entrada de tocos de madeira, garrafas de refrigerante, pedaços de papel e fios de cabelo que chegam por uma  tubulação de 4,5 metros de diâmetro;

2 - A fase seguinte, chamada de desarenação, serve para retirar a terra e a areia que se misturam à sujeira. No fundo de uma grande caixa, um tubo joga ar na água, fazendo com que as partículas em suspensão formem uma espiral e se depositem no fundo. A retenção também evita que o atrito dos sedimentos estrague as bombas que impulsionam o líquido no tratamento;

3 - Pequenos grãos de dejetos e de fezes são eliminados na chamada decantação primária. Por serem mais densos, esses tipos de resíduo tendem a ficar acumulados no fundo do tanque. Em seguida, uma pá que se move lentamente empurra a massa sólida para uma espécie de ralo. De lá, esse lodo segue para outro setor do sistema de tratamento, podendo se transformar em adubo ou ser usado para gerar energia;

4 - A água do esgoto inicial, ainda suja, vai para o tanque de aeração, habitado por uma rica fauna de bactérias e considerado o coração da estação de tratamento. Lá, um tubo injeta microbolhas de ar, que ativam a “voracidade” desses microorganismos. Alimentando-se da matéria orgânica dissolvida no esgoto, esses organismos do tanque comem a sujeira em uma velocidade muito maior do que em um rio;

5 - O líquido que sai do tanque de aeração está quase limpo, mas ainda sobraram as bactérias. Por sorte, elas também são mais densas que a água e se agrupam no fundo do tanque. Aí começa a chamada decantação secundária: em tanques redondos, uma pá giratória separa os microorganismos da água limpa e manda-os de volta ao tanque de aeração

 Depois de tratada, a água que sai da estação está pronta para ser devolvida ao rio. A eficiência do processo é grande: no total, algo em torno de 90 a 95% da carga orgânica chega a ser removida. Além disso, a concentração de oxigênio pode até ajudar na limpeza dos cursos d’água, dando uma forçinha para que a natureza se encarregue do resto da tarefa. Mesmo que o produto final seja uma água bem mais limpa, ela ainda apresenta alguns organismos causadores de doenças. Para ser reutilizada, ela é filtrada e clorada em uma estação de utilidades. Depois disso, a água serve para irrigação e uso industrial, mas ainda não é potável. Nesse ponto, sua qualidade equivale à das represas usadas para o abastecimento das cidades.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O que é saneamento básico?

Saneamento básico é um conjunto de procedimentos adotados em uma determinada região que visam proporcionar condições adequadas de saúde e higiene para a população do local. Tratamento de água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública de ruas e avenidas, coleta e tratamento de resíduos orgânicos (em aterros sanitários regularizados) e materias (através da reciclagem), são procedimentos do saneamento básico. Ao mesmo tempo que esses recursos proporcionam uma boa sáude para os habitantes, impedindo a proliferação de doenças, também garantem a preservação do meio ambiente.